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sábado, março 14

Homo Sacer (bem a proposito). Pesquisa no Google de Imagens e Textos.



Em nossa época, o corpo biológico do cidadão veio a ocupar uma posição central nos cálculos e estratégias do poder estatal. A política tornou-se biopolítica, e o campo de concentração surge como o verdadeiro paradigma político da modernidade. Agamben, em sua investigação, traz à luz o vínculo oculto que desde sempre ligou a vida nua, a vida natural não politizada, ao poder soberano. E uma obscura figura do direito romano arcaico será a chave que permitirá uma releitura crítica de toda nossa tradição política: o homo sacer, um ser humano que podia ser morto por qualquer um impunemente, mas que não devia ser sacrificado segundo as normas prescritas pelo rito.



Walter Benjamin: "A tradição dos oprimidos nos ensina que o estado de emergência em que vivemos não é a exceção, mas a regra".



Paradoxalmente, neste mundo por assim dizer sem bordas, surgem, de dentro das fronteiras imperiais, novas figuras de uma indigência generalizada, de populações literalmente sem direito: os refugiados em campos de concentração, os sem-pátria nas salas de espera internas de aeroportos, os imigrantes sem-documentos, os presos suspeitos de terrorismo etc. A figura do refugiado adquiria uma nova atualidade nos campos da Bósnia, na limpeza étnica, na Segunda Guerra do Iraque, nos desempregados das nações industrializadas, na exacerbação da pobreza no Terceiro Mundo.



Agamben: o homo sacer, ou homem sacro, que, tendo cometido um crime hediondo, não pode ser sacrificado segundo os ritos da punição, e, no caso de ser morto, o seu executante não será punido. O homo sacer é, portanto, este ser paradoxal que cometeu um crime além de qualquer punição, indesejado pelos deuses e pelos homens, fora da jurisdição de ambos, insacrificável, mas, por assim dizer, "matável".



O campo de concentração é a materialização do estado de exceção cuja existência se generalizaria na modernidade. Agamben fornece assim elementos para entender o que, em algum momento, foi autoproclamado como "nova ordem mundial": a guerra preventiva americana, deflagrando a suspensão da ordem jurídica internacional, e constituindo uma soberania mundial sobre não-sujeitos, ou sujeitos extirpados de cidadania, vida nua.

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