










No Mexico se comemora o dia dos mortos - 2 de novembro - de maneira muito especial, e acho que unica no mundo.
Trata se de uma celebracao coletiva, extremamente importante pra eles e parte de toda familia ou grupo, como uma tradicao extremamente enraizada, trazida para a atualidade de forma contundente.
As preparacoes ja comecam 10 dias antes com a montagem do altar.
De todos os incriveis detalhes dessa festa, me chamou muito a atencao os altares para os mortos de cada um.
Eles sao geralmente construidos em 3 niveis, representando inferno, purgatorio e ceu, a jornada das almas depois da vida.
Ali se coloca comida para o morto, aquilo que ele gostava de comer, suas frutas, paos e sua bebida preferida.
No alto uma fotografia do morto, com algum santo ou apenas uma santeria para atender a todos os mortos da familia.
Arrumados de maneira absolutamente impecaveis, essas misturas de cores fortes, texturas e odores sao instalacoes de um rigor estetico e uma composicao apurada.
A ideia e' que os mortos voltam para comer de noite, no dia 1 apenas os ninos, as criancas mortas, e no dia 2 os mortos adultos. No dia 3 dizem que todos os mortos desgarrados voltam para comer o que sobrou dos altares, mas a tradicao tambem pede que se reparta o que sobrou dos altares entre a familia, os amigos, ou qualquer pessoa que passe, um desconhecido, como gesto de compartir.
Segundo eles a comida perde o sabor, as frutas parecem sem suco, os doces perdem o gosto. Tudo sugado pelos mortos.
O Mexico celebra os mortos, fazem festa com caveiras para desmistificar a propria morte, e acabam fazendo uma festa para a vida, no momento que coletivamente celebram no mais amplo significado da palavra os que ja se foram. A mim me pareceu um ritual aberto, nao dogmatico, e uma pratica de entender a propria morte, busca-la com leveza, agradecimento e uma alegria florida e radiante.