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terça-feira, maio 12

CU DO MUNDO



CU DO MUNDO - Ensaio fotográfico com Renato Paschoaleto - São Paulo.

Renato Paschoaleto, atua como fotógrafo desde 1999, transitando entre publicidade e moda. Iniciou estudos em Psicologia na Universidade São Marcos e formou-se em fotografia na Escola Pan-americana de Arte. Sua experiência inclui trabalhos de pesquisa de imagem para direção de arte e atuação como assistente para revistas Vogue, Casa Vogue, Avant Garden, Daslu, Editora Abril, campanhas para Almap BBDO, Giovanni/FCB, Carillo Pastore, Lew.Lara, F/nazca e catálogos de Moda e produtos.
Atuou também como fotografo em projetos artísticos, dança e performance, colaborando com a Associação DESABA dos coreógrafos Cristian Duarte e Thelma Bonavita em São Paulo.



Itens de Primeira Necessidade e’ a terceira parte de uma Trilogia que toma como ponto de partida o Brasil como origem cultural arquivada em um corpo.
O Brasil em um contexto particular, concebido na pessoalidade de um individuo que tenta o caminho de volta a uma situação territorial e física própria, pelas fronteiras disfarçadas da memória, do real e do imaginado.

A Trilogia toma emprestado do romance “Os Sertões” de Euclides da Cunha, o titulo de cada uma das três partes do livro, para desencadear o processo de compreensão do que seria cada uma das partes da Trilogia.
A divisão exata e contundente proposta pelo autor, me ajudou a pensar esse Brasil distribuído em três eixos:
A Terra, O Homem, A Luta.

A escolha dessas palavras-eixos não se faz como busca de inspiração ou tema para cada obra, e não se relacionam diretamente com a descrição da guerra de Canudos por Euclides da Cunha. Não recorro a essas palavras como palavras-chave para a concepção das obras, mas apenas como evidencia reconhecida, ou como traço de orientação em um mapa de contornos políticos, sociais e humanos como pode ser compreendido o Brasil (atual) de Canudos.

Escolhi portanto o Brasil de Canudos para configurar o meu Brasil particular, um Brasil estraçalhado pelas forças de uma ocupação simbólica, em processo de desterritorializacao subjetivo e continuado.

A primeira obra, “Sertão” (2003), partia da idéia de geografia, do clima e vegetação dessa terra arida e seca. O sertão trazido pro corpo, o corpo topografado como uma terra vasta, o ermo do desconhecido.

Bull Dancing (2006), a segunda obra, buscou no bumba-meu-boi subsidio para tratar do homem nordestino, numa espécie de afectos humanos da nossa realidade. O homem entre humano e animal, entre profano e sagrado, ritualizado em sua condição de fragilidade e impermanencia.

Itens de Primeira Necessidade trata da Luta, mas não (necessariamente) a luta que vemos estampada nas tvs em noticias de guerra, luta entre partes desiguais, injustiças sangrentas que acabam por nos anestesiar e acentuar o banal em nossas vidas.

Busco uma luta onde não se ganha nem se perde, mas se esta. Luta travada em silencio no decorrer do que nomeamos existência, luta que desarma e enobrece, que revolve sentidos e estabelece ciclos na intermitência dos rounds de um corpo-ringue. Luta entre poder instalado e potencia em estado de concentração máxima no corpo.

A idéia de mapa relacionada ao corpo volta nessa obra tão forte como na primeira da trilogia. Uma cartografia das instancias de adaptação do corpo a contextos externos, marcas de orientação do próprio sentido de ser, estar, resistir, revidar (corporalmente) nesse mundo de entres.


1 comentários:

Núcleo de Criação do Dirceu disse...

linda e precisa metafora visual marcelo...super...ja me clareia mais ainda do que se trata a luta que se propoe a discutir.The best hit ever!


fabio crazy acusado da silva