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domingo, janeiro 18

ONFRAY



Um dos nomes mais importantes da cena filosófica francesa contemporânea, Michel Onfray tem uma presença maciça na mídia e nas estantes de lançamentos das livrarias. Mas ele segue uma trilha "outsider" como professor: rompeu com o sistema de ensino oficial do país e criou em 2002 uma "Universidade Popular", em Caen (cidade no norte da França), gratuita e aberta a todos os públicos.

Onfray é defensor militante de uma doutrina materialista, atéia e hedonista. Vê nos prazeres do corpo, da gastronomia ao sexo, o bem supremo. E considera que os manuais tradicionais de filosofia, bem como o ensino universitário na área, são deturpados pelo idealismo herdado de Platão e massificado pela igreja.
A contra-história de Onfray tenta ser uma "história dos vencidos", resgatando pensadores e escolas doutrinárias vitimadas pelos autos-de- fé do regime ditatorial idealista.


CAIO LIUDVIK
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


FOLHA - Por que decidiu escrever esse livro?

MICHEL ONFRAY - Abandonei o ensino porque estava cansado da política educacional: direção, inspeção, cópias para corrigir. Queria ensinar livremente, gratuitamente, de forma benevolente, pessoas de fora da instituição. Assim, criei um curso para pessoas que desejassem filosofia não-institucional.
Comecei pelo hedonismo, pois me diziam que ele não constituía uma filosofia, que o prazer não bastava para fazer uma filosofia. Decidi mostrar que isso estava errado, e eis que parti para nove anos de seminários... Dou esse curso para 700 pessoas toda semana.

FOLHA - O livro pode ser visto como uma espécie de genealogia de sua filosofia hedonista?

ONFRAY - Sim, certamente. Sempre disse que me inscrevia nessa linhagem que se define por um conjunto de linhas de força: sensualismo, materialismo, ateísmo, elogio do corpo e das mulheres, celebração da vida, ódio da morte, do ideal ascético, da renúncia...

FOLHA - Quais são as principais afirmações e singularidades do livro com relação aos manuais tradicionais de história da filosofia?

ONFRAY - Impossível resumir isso em duas palavras! Precisei de cinco tomos até o século 19 e precisarei de outros quatro!

Alguns pontos: não há pré-socráticos, pois muitos deles sobreviveram àqueles que eles supostamente precederam; Epicuro não foi o "porco" que se diz -estóicos e cristãos foram os inventores dessa ficção; Jesus não existiu historicamente; são Paulo foi um neurótico impotente
ao qual se deve a fórmula do cristianismo planetário; o cristianismo é uma máquina de guerra totalitária; houve dois séculos de cristianismo hedonista; Montaigne não escreveu, e sim ditou seus "Ensaios"; os materialistas franceses pilharam um desconhecido obscuro, o abade Meslier, que foi o primeiro ateu na história das idéias; Voltaire foi um falsificador incomparável; Sade não foi o libertador do sexo, mas o precursor dos campos de concentração. Existe uma grande linha de força hedonista [ao longo dos séculos], que é a seguinte: Demócrito, Epicuro, Lucrécio, Montaigne, Espinosa, Meslier, Bakunin, Stirner, Nietzsche, Freud etc. Contra a linha de força da instituição idealista: Pitágoras, Platão, Descartes, Kant, Rousseau, Hegel, Marx...

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2 comentários:

Anônimo disse...

ui ui....gente fiquei com meda!
post ótimo! hahaha.

Anônimo disse...

filosofia não insticucional....
hum....
ainda ontem conversava com um historiador que do "alto" do seu mestrado e pesquisa em identidade falava-me da cidade, teresina, do cenário artístico... e de instituição, estado poder.

Papo que rendeu pano pra manga e do meio pro fim virou quase um confronto....cruzando interartes, luis de abreu....prefeitura e artistas. Nossa dificil! desgastante!

Depois de todos esse dias....e de tudo que tem acontecido queria mesmo poder oferecer como escolha aos outros: - olha isso aqui não é institucional!

apesar de saber que "fazer politica de dentro" como nos disse helena é talvez mais importante.

queria ter mais espaço como os de agora, uma manhã para abrir janelas, ler, descobrir coisas...

mais tempo pra espiar o mundo...

saudades careca!