quarta-feira, outubro 29
Blog Resistencia 23:23
Pois e'...comentando sobre o comentario do post anterior da Layane.
Blog da uma solidao fudida mesmo, e essa coisa de saber que passam por aqui bisbilhotando e julgando da uma sensacao de estrupo e impotencia.
Mas insisto, persisto, pelo menos por enquanto, como resistencia ultima e como espaco de fazer, dizer, postar o que quero.
Como possibilidade para o sem nexo, porque solidao de quarto de hotel numa cidade de 22 milhoes de habitantes e uma area absolutamente horizontal - por causa dos terremotos - tbem doi.
O espaco serve pra despejar imagens que me aparecem por ai, como essa:
Eu, Dani Lima, Helena Vieira e Pat, Patricia Barbara, em sua performance recentemente no Glaucio Gil num evento de abertura duam serie de improvisacoes do Kike Dias.
A estoria da Pat e' assim: Fica la de boneca, paradinha, com um monte de roupas, sapatos, objetos e voce vai la e faz com ela o que quizer. Numa dessas subiu um doidao e alem de cortar todo o vestido dela com uma tesoura, depenou literalmente o seu enorme cabelo black power (que agora ja esta mais crescidinho).
Nessa noite nos juntamos num coletivo de coreografos, os tres, e tentamos dar um novo ar da graca pra Pat.
Ela e' uma fofa, querida, trabalha no escritorio do Festival Panorama e anima definitivamente as tardes de la.
domingo, outubro 26
BLOGS FORA NADA 22:31
Ando pensando muito nessa coisa do espaco de um blog.
Depois da palestra do Marlon Solano sobre todas as possibilidades de criacao, difusao, interacao na rede.
Depois de experimentar o novo espaco do blog de la red, outras conexoes, e de ver o blog do nucleo (finalmente!) bombando.
Hoje em dia todo mundo tem blog, e ate o Jose Saramago, o homem que escreve encantadoramente sem virgulas, tem blog.
Os projetos de pesquisa em danca agora so com blog, blog pra dividir processo, blog pra criar identidade, pra sobreviver, pra existir.
As revistas gays discutem sexualidade masculina atraves da ideia de blog, pra arrumar namorado, ou aventura, pra ser aquilo que se quer ser.
Mas ainda ando me perguntando quando e como achar tempo pra atualizar o blog, manter o perfil, a peruca bem firme na cabeca.
Mas na verdade um blog pode ser um bom companheiro de solidao de quarto de hotel, amigo pra todas as horas, nos deslizes da pressa, das responsabilidades adiadas, do sem nexo, blogs fora nada.
sexta-feira, outubro 17
UMWELT 22:38
UMWELT
quer dizer meio ambiente, o entorno do corpo, tudo o que nos rodeia.
Titulo da obra da francesa Maguy Marin apresentada esse ano no circuito dos festivais brasileiros.
Um jogo de espelhos e um vento que sopra forte, embaralhando os pensamentos, levando embora o que nao mais esta.
Reflexos fragmentados de vidas simultaneas, como se as acoes nao passasem ali e o unico que e' visto e' a pausa dessas cotidianidades, alguem que sai pela porta dos fundos, o outro que leva as arvores para tomar ar, uma saida com o bebe ou para tomar sol, uma noiva que encontra um momento sozinha, uma mulher que sufoca e sai, um homem que bebe escondido...tudo duplicado, triplicado, absolutamente unissono, como assim mesmo se mostra o mundo.
Imagens que desorientam uma nocao banal de realidade, corpos que se desmancham nos espelhos, que sao apenas estilhacos de vidas tao humanas. tres guitarras amarradas em um fio que se desnovela, continuum perpetuum.
Fotos : Val Lima
quarta-feira, outubro 15
Corpo Impossibilitado 12:36
O único espetáculo da segunda feira no FIDR foi a peca de marta soares “um corpo que não agüenta mais”, titulo bastante proposital para um dia vindo depois de quatro outros com muitos espetáculos pra ver e pouco tempo para digerir.
O espetáculo e’ denso, com tempos largos e silêncios prolongados entre intervalos de intervenções sonoras fragmentadas.
Três mulheres e dois homens literalmente jogados no espaço iluminado por uma luz branca tênue, entre roupas, algumas cadeiras e um chão coberto por mantas, onde os corpos parecem tentar se esconder.
A ação e’ mínima, não controlada, mas como que anestesiada por algo que não passou ali, mas que ainda esta acontecendo nesses corpos, por esses corpos.
Estão juntos mas absolutamente sozinhos em um espaço carregado de desolação, de abandono, como se eles ainda não compreendessem a atual situação em que se encontram. Uma mulher tenta se levantar e despenca pela parede, a outra vai de um lado para outro como que levada sem querer, um homem se arrasta por debaixo das mantas buscando um lugar inexistente, uma se aproxima da outra sem necessariamente conseguir um contato. O espaço se reconfigura pelas mudanças dos corpos, mas a condição parece ser a mesma, sem esperança de que vai mudar.
Com o passar do tempo comecei a sentir uma espécie de ternura entre esses corpos que não se ajustam entre eles, não tentam mais nada com convicção, como se toda essa violência estivesse urrando do lado de fora e entrando por debaixo das portas, como se nada mais pudesse ser feito contra o que esta realmente passando no mundo, como se o real tivesse atirado ali as sobras humanas em processo de decomposição física e moral.
A violência em muitas camadas e níveis de sutileza, impávida, inquestionável, silenciosa mas poderosa como algo que não se pode evitar. Os corpos as vezes pareciam lutar sem forças, em gestos que se perdiam no ar, não alcançando mais nada nem ninguém. Os indivíduos pareciam querer serem outros, amputar membros para receber outros, apenas para balbuciar movimentos que variavam de aceitação conformada para incomodo instalado na carne.
Um mundo que se deixava ver pela ressonância, como eco traduzido do inconsolável. Um mundo parecido com o que conhecemos mas não aceitamos, que tememos mas que insiste sobre os mínimos centímetros de nossas peles, pálidas por tentativas em vão. Uma dança que incomoda, que perturba ao ponto de nos fazer pensar num fast forward ou num pause, que sabemos tão bem não pode vir assim tão fácil, porque saímos do teatro e esta ali, na rua, nos bares onde nos divertimos, na casa onde guardamos tão secretamente uma fragilidade que nem sempre admitimos sentir.
Uma dança que se faz dança pela impossibilidade de estarmos plenos em um mundo onde o poder castiga os sonhos, os desejos mais profundos, e a potencia latente que pulsa, pulsa, ainda pulsa, deformando nossa existência condenada.
E tomo palavras emprestadas de Bauman, encontradas ao acaso depois do espetáculo: “As expressões imediatas da vida são disparadas pela proximidade, ou pela presença imediata de outro ser humano – fraco e vulnerável, sofrendo e precisando de auxilio. Somos desafiados pelo que vemos. E desafiados a agir – a ajudar, defender, trazer alivio, curar ou salvar.”
Fotos : Val Lima
segunda-feira, outubro 13
FIDR # 13 21:36
É com orgulho que o Festival Internacional de Dança do Recife chega a sua 13a edição, firmando-se definitivamente como um evento de destaque no calendário cultural da cidade.
Se por um lado tal projeção está relacionada ao desenvolvimento da dança do Recife, por outro a participação do evento no Circuito Brasileiro de Festivais Internacionais de Dança tem representado a ampliação das possibilidades de fruição em dança, e a viabilização de uma programação que cria pontes entre Recife e a produção de outras regiões do Brasil e exterior, tendo o cuidado de preservar as singularidades locais.
O Festival este ano aposta na figura e no papel do criador, tratando criações como criaturas, lançadas ao mundo para se misturar inevitavelmente com as realidades que fazemos dele.
No contexto atual da arte contemporânea, lidamos com o solúvel em doses cavalares, numa complexidade que nos obriga a olhar o outro como aceitação de nós mesmos. Transitando em meio a camadas sobrepostas de sentidos, simultaneidades e antagonismos, os criadores se deixam ver através de suas criaturas, modificando o entorno em um jogo deliberado de novas possibilidades.
Acreditamos que um festival não se faz apenas de obras legitimadas, escolhidas por mérito ou quaisquer outros juízos de valor. O FIDR propõe o convívio como dinâmica de compartilhamento, e as obras, como interceptoras das tramas que estimulam esse convívio, cumprindo a função de mediar de forma sensível essas relações entre artistas, e entre estes e o público.
Optamos por um olhar de dentro e um olhar de fora em um diálogo feito de longe, que foi se estreitando na difícil missão de escolher sem excluir, de ressaltar sem renegar, aceitando a pluralidade como regra reorganizadora dentro de um contexto de Nordeste, de Brasil e de mundo.
Dando continuidade à diretriz de reconhecer o trabalho de pessoas que contribuíram para o desenvolvimento da dança do Recife, este ano o Festival homenageia a professora e coreógrafa Betsy Gatis, que, prestes a completar 89 anos, recebe da Prefeitura merecido reconhecimento pelo pioneirismo no ensino da dança em Pernambuco.
Com o intuito de potencializar os projetos de dança da cidade, o evento associa-se a iniciativas como a Red Sudamericana de Danza (7º Encontro Regional da Rede Sul-americana de Dança), o Play Rec (Festival Internacional de Videodança), e o Chá com Arte (Compassos Cia de Dança). Podendo, assim, realizar ações como o Laboratório Play Rec de Videodança e o Dança Falada, que consiste em encontros diários num espaço de convivência voltado para relações de intercâmbio e o convívio entre artistas e público.
Essas ações aliadas às rodas de break nas Refinarias Multiculturais do Nascedouro de Peixinhos e Sítio Trindade e do Parque 13 de maio (palco da batalha de B´Boys), bem como a intervenção urbana Walking Poems Recife, do grupo dinamarquês Hello!Earth, antenam-se com a política de descentralização cultural da gestão.
Marcelo Evelin
Arnaldo Siqueira
segunda-feira, outubro 6
Tramas 20:57
Imagens de Rogerio Ortiz especialmente feitas para o Festival Contemporaneo de Danca de Sao Paulo, para a identidade visual 2008.