12 horas ocupando duas salas de uma biblioteca publica.
Um espaco para se encontrar e encontrar o outro intermediado pelo conhecimento enclausurado e assustador de centenas de livros. Um espaco para estar com o que entra, o que vem de fora, e os que estao ali por anos, sem perceber.
E o que muito modestamente poderia querer a arte desse tempo?
Encontrar a si mesmo e ao outro.
A arte nao pode mais propagar mensagens, de verdade ou de fe, num mundo saturado por verdades encobertas, manipuladas, verdades transformadas em senhas para se estar em um mundo desvinculado, caotico e sem determinacao para o que quer que se possa chamar de verdade nele.
E qual a funcao disso tudo, e qual o espanto por uma permanencia de 12 horas em um espaco aberto onde se possa entrar, olhar, ficar, sair, voltar?
E qual a diferenca entre ser de dentro e ser de fora, o artista e o espectador, qual a diferenca?
O Corpo se debate entre ser e nao ser uma representacao de si mesmo, tentado a se esconder nas convencoes que sao estabelecidas para quem e' ator e quem e' publico.
Vi de tudo nessas 12 horas.
Senti o tempo passar lento, medido, cronometrado pela minha propria expectativa rançosa de ver um espetaculo, minha subordinacao a um codigo de ser satisfeito esteticamente, ou intelectualmente, de entender, de querer que faca sentido onde sei que justamente nao ha, porque onde um sentido e' gerado nao se pode querer que ele esteja classificado, ordenado, ja transformado em sentido.
E cada vez mais acredito em arte como processo gerador de novas sensacoes, de novos parametros para o entendimento de nos mesmos, um esgacamento de fronteiras do que (ainda) podemos ser, um relativizar de possibilidades, tentativas de solucoes fluidas para nossas equacoes tao complexas.
Vi de tudo.
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