terça-feira, abril 15
MONO danca
A Danca. Como um estado constante, a consciencia da existencia dessa coisa chamada danca, que extrapola qualquer aspecto de danca como modo e formato, sendo danca como algo que retorna de onde nunca saiu, como algo que esta em tudo e sempre estara.
Quando cheguei a essa imagem - muito conhecida de quem danca ou ja dancou, a barra, corpos enfileirados, em linha - me lembrei imediatamente da Escola de Ballet do Bolshoi em Moscou.
Quando estive em Moscou em 1992 numa tournee, os organizadores Russos nos convidaram para visitar a Escola do famoso Ballet. Lembro de terem aberto uma grande porta e la estavam enfileirados em algumas longas linhas paralelas, mais de 100 meninos de uns 12, 13 anos, todos absolutamente estaticos em quinta posicao, todos vestidos iguais, numa ordem absoluta, como uma fabrica de bailarinos.
A Danca nao poderia deixar de vir no MONO, as vezes acho que talvez seja essa a minha coreografia mais complexa, porque penso como coreografia, a organizacao do pensamento e do sistema sensorial e motor, para executar uma acao fisica de forma precisa, numa ordem e numa dinamica especifica para aquela acao.
E me pergunto imensamente sobre a presenca e/ou a ausencia do corpo quanto corpo performatico. Porque nossa atencao esta desviada para o corpo que executa - mesmo que seja suas proprias coisas e fora dos padroes - para um certo olhar, olhar esse que compartilhamos indiscutivelmente.
Tenho buscado deixar o corpo so o necessario para executar a acao, mas sem esconder, sem codificar o "nao estar" como os bonequeiros no Teatro de bonecos. O corpo que esta mais nao esta, talvez ai criando uma via de mao dupla para o entendimento. O corpo destituido - em ingles dismissed, que e' usado por ex como dispensado e demitido - como diria minha amiga Vera Sala.
Com via de mao dupla quiz dizer:
Por um lado o corpo tenta estar o mais proximo do seu estado natural, portanto mais proximo do estado de Corpo nao performatico, que e' o que a principio nos interessa, o corpo real, humano.
Por outro lado o fato de se apresentar na acao como corpo destituido, corpo demitido, traz um outro sentido ai, o sentido do desrelacionamento do corpo com tudo a sua volta, um corpo que foi dispensado de suas atribuicoes.
Dancar com os neuronios nas oscilacoes conhecidas do proprio corpo. Independer a danca do corpo conjectural, criar o sentido do corpo em sua forma-origem, nas sinapses, que sao as grandes maes da danca.
Postado por
Marcelo Evelin
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