Pesquisa > Itens de Primeira Necessidade > Corpo Sitiado > A Luta > Questão Equacionada no Corpo > Keep It Real

domingo, janeiro 4

La Pija que Baila *





MONO foi um estudo começado despretensiosamente no inicio de 2008.
Nesse mesmo ano tive a oportunidade de testa-lo de diferentes maneiras em diferentes salas, estados do Brasil e paises, em situações as mais variadas.

Os comentários foram muitos - não tentando otimizar ou desconsiderar as reações - mas fica claro pra mim que o importante mesmo de uma obra são as visões, os espantos, as reclamações e sublimações quê se faz dela.

De deus a patrão, de adão a fascista, de desesperado e perverso a infantil, desamparado ou homem-mãe.

Ouvi de tudo.

Mas o mais curioso foi de quando apresentado em Montevideo no diálogos Uruguay, uma instancia pensada para que se discuta obras, procedimentos, ferramentas, processos e resultados de pesquisas do/no corpo.
Na “desconstrucao” do dia seguinte da apresentação, onde se reuniam os criadores com a presença de teóricos para destrinchar a obra, ouvi os comentários mais curiosos e estonteantes, que agora me fazem pensar, mas na hora me deixaram bem puto, e calado pelo resto dos diálogos.

Um coreógrafo venezuelano trouxe o assunto de etnia colocando que todas as bonecas eram brancas manipuladas por um homem branco. Mas disse não se incomodar mas, quando percebeu “uma pija negra” referindo-se ao meu sexo como algo mestiço, de outra etnia, comprovando a miscigenação do brasileiro e trazendo para a cena outra raça
.
Huuum.... tai que fiquei sem saber o que dizer, pensando naquela opinião tirada la do âmago, em espanhol profundo.
Pensei rapidamente ainda um pouco incomodado. Sei, o cara ta vendo o corpo em partes, camadas, como capas dessa mestiçagem. Algo antropológico, se você quiser place it somewhere.

5 minutos depois o teórico argentino saiu la de cima de sua superioridade de teórico (argentino!) e disse que a peca era fascista, um homem vivo manipulando uns iguais, fazendo deles o que quisesse, colocando a questão da morte como conseqüência disso. O animado que manipula os inanimados, a propagação da morte em extermínio.

Ate ai tudo bem, era novo pra mim, mas realmente nunca pensei na morte como resultante, apenas como participante dessa realidade imaginada que pretende se parecer com o mundo.

Pra reforçar e explicar sua teoria, o teórico caiu na asneira de baixar o nível total, fazendo ares de palhaço contratado:
“Um homem com uma pija....(ai fez pausa de suspensão) ... e uma pija graaaande (assim mesmo acentuando os as da palavra).

Falava como se o tamanho do sexo tivesse sido o ponto de partida, usado como artifício teatral pensado.

Eu não acreditei! E se agora dou risadas, no momento me senti estuprado, pego a forca, violado de maneira grosseira, puto com o tal teórico maricon, veado mesmo pros aqui da terrinha.

Nunca pensei quê se pudesse chegar a tal nível de percepção pseudo psicanalítica, pra esconder algo de pessoal, uma perversão absolutamente particular nada relacionada com a questão dos diálogos.

E então?
vale tudo mesmo nessa idéia de exercício critico?

* A pica que dança

< Photos Ezequiel Steinman e Paula Giuria >

0 comentários: