Nao tinha me dado conta de quao necessario era meu computador.
Necessario...bom... ai a coisa se complica porque entra nessa linha tenue que separa a necessidade do desejo, do vicio e da obsessao, do capricho de cidadao pos-moderno incapaz de funcionar sem uma maquina.
A semana passada durante a onda de stress que abalava a todos nos no teatro, deixei cair um pouco de cafe no teclado do computador. Panico total, mas o branquinho continuava funcionando nessa dinamica vai e vem de muitas janelas abertas e as oportunidades todas ali num leque, maior do que o leque do Paulo Mota.
No mesmo dia nao funcionava mais - tamanha sensibilidade esse punhado de micro sistemas de fios e valvulas - e desespero total, nao tanto pela maquina em si, mas pelo que representa no terreno da praticidade cotidiana, mas tambem no emocional, naquele espaco do privado, do intimo, quase exatamente como quando nos vemos sem uma pessoa querida, alguem que te da uma super mao em muitos sentidos da vida.
Ai me faz mesmo pensar no que diz LIpovetsky sobre o valor nao esta mais no objeto em si mas no que representa, como se nesse mundo de tantas maquinas, - que sao instrumentos de trabalho, mas tambem brinquedo, consolo e companhia - nossas necessidades pessoais vao se tornando cada vez mais especificas e indiscutivelmente subjetivas.
A subjetivacao do objeto. Necessidade objetiva ou subjetiva?
E de novo me pergunto:
Quais (e como) sao meus itens de primeira necessidade?
De volta meu computador, uma especie de satisfacao garantida.
So nao sei se vem de prazer, de poder e posse, ou de pura inseguranca e dependencia a uma necessidade que me mantem sobrevivente.
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